Estou com um novo projeto: Segundo Sexo Também Fala

Andei um pouco sumida do blog pois estou com um novo projeto. E vocês sabem como filho novo dá trabalho, né? O projeto é um canal no youtube, chamado Segundo Sexo Também Fala. Confere aqui: goo.gl/XTLv23

“Segundo Sexo Também Fala” nasceu da inquietude de uma doutoranda interessada no discurso cotidiano de gênero, e que PRECISA tirar sua pesquisa da academia e dialogar com o mundo. Sou Juliana Figueiró Ramiro, jornalista, mestre em Design e doutoranda em Letras, pesquiso de forma interdisciplinar gênero, sexualidade e relações de poder e quero dividir com vocês algumas ideias e o meu sonho de dias melhores. Dias melhores? Isso. Para mim, esses dias serão aqueles em que estaremos questionando mais e reproduzindo menos do ambiente que nos cerca. Interações dos mais diversos tipos são muito bem-vindas!

Espero que gostem e acompanhem lá!

Deixo aqui o vídeo 01 do canal (estamos com 6)

13 Reasons Why e o jogo da Baleia Azul – o que eles têm em comum? Eu, você, todos nós.

Ontem, li a carta deixada pela menina do Maranhão, que cometeu suicídio na semana passada. Na carta, num ato de coragem, ela defendeu sua escolha e pediu que não pensem que fez o que fez inspirada na série do Netflix. Conta que foi abusada pelo pai/padrasto por dois anos, com a indiferença da mãe. O caso e a carta foram notificados e pude ler muitos comentários e posts nas redes criticando a série, acusando-a de irresponsável, de “matar” adolescentes, e até sugerindo que a menina foi influenciável e fraca. Também apontaram que ela estivesse participando do jogo da baleia. Para mim, justificativas que desviam a centralidade do caso, discursos que têm na história um par antigo, e que ainda nos persegue: o Quinto Mandamento – Honrarás Pai e Mãe, acima de tudo, mesmo quando esses não são honrados.

Algumas perguntas: Será mesmo que a culpa é da irresponsabilidade da série ou do pai que abusou da filha por dois anos? A culpa é da Baleia Azul ou da mãe que fingiu que não viu, para não ser uma mulher sozinha? A culpa é da menina e sua fraqueza? Ou nós somos os fracos e vivemos numa bolha social que nos faz cada vez mais egoístas, egocêntricos, fingidos e mentirosos em nome de uma “ordem social”? Recomendo a leitura da carta!

Também assisti toda a série do Netflix 13 Reasons Why e achei muito boa. O que incomoda tanto na série? Ela aponta culpados. E sempre haverá culpado. Pais omissos, bullying, agressões físicas e psicológicas, abusos, o tão falado e pouco atacado machismo. Quando alguém tira a própria vida pode parecer um ato solitário, mas sempre será coletivo. Afinal, vivemos em sociedade. E nos constituímos como sujeitos a partir de tais tais relações.

Ainda, fui atrás dos desafios da Baleia Azul. E eles sugerem: a auto-mutilação, ensaios de suicídio, a reclusão social do participante, filmes e músicas deprimidas e um ato final – o suicídio. Pergunto: um jovem em plenas condições físicas e psicológicas entraria no jogo? Não sei, mas pelas informações que pude buscar, o jogo é um convite, feito justamente para aqueles que apresentam sintomas de jogadores. Também pergunto: o problema é a Baleia Azul ou tudo que faz do jovem esse jogador? Não é mais uma fuga nossa, culpar a Baleia, isto é, o sintoma por tirar a vida de quem já se encontra semi-vivo? Não foi Verissimo que disse que “embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu”?

Este texto pode parecer confuso, e é. Mas, acima de tudo, é um desabafo. E um pedido: precisamos questionar, abrir os olhos para os problemas e os separarmos dos sintomas.

Pois, mais uma vez, sinto que estamos todos errando como sociedade, focados no sintoma de nós mesmos e não nos abismos que criamos. E enquanto seguirmos tratando sintomas sem atacar a centralidade das coisas, teremos seriados falando de uma realidade que nos incomoda, teremos baleias azuis e pessoas quebradas.

Resistamos

01

Faço oposição ao (des)governo Sartori desde que o PMDB lançou sua candidatura fingindo ser o partido do Rio Grande. Partido de centro, centro-direita, centro-esquerda, centro-melancia, como o PMDB e outros, nunca será partido de Estado algum, pois é justamente contra o Estado que está sua ideologia. A saída desses partidos para buscar o desenvolvimento econômico, e é sempre o “desenvolvimentismo” que a eles interessa, é a defesa de um Estado mínimo, isto é, um Estado que minimamente participa da “vida das pessoas”. Um Estado que terceiriza saúde, educação, cultura, informação, estradas, segurança e tudo mais que for para TODOS e que sirva de saída para justificar e manter seus investimentos no financiamento de ALGUNS. Alguns que, historicamente, tem o poder em suas mãos, validados pelos governos que citei acima, que, por sua vez, ficam esperando esses ALGUNS acumularem muito dinheiro para espontaneamente distribuírem renda e, assim, vivermos (num futuro que nunca chega) num país mais igual. A igualdade deles não é a igualdade que a gente sonha, que a gente luta. Não se iludam!

DITO ISSO, já era visto que o Sartori do PMDB, que se elegeu no RS com o apoio do PSDB, PP, DEM, “centros” e direitosos todos, iria encontrar como saída da crise: o parcelamento de salários dos servidores, que justificaria as privatizações, que ideologicamente coadunam com a visão de mundo neoliberal desses caras. Visão essa, só para lembrar, que fracassou em boa parte do mundo e que matou, mata e seguirá matando gente de fome.

O anúncio do pacote de medidas desse (des)governo, que pauta o fim da TVE, da FM Cultura e de outras fundações importantes na história e na formação cultural/informativa do nosso povo, para mim, também fala sobre um tipo de fome. E você, tem fome de que?

Por fim, desaprovo as tags #ResisteTVE #ResisteFMCultura pois não são as “distantes” entidades que precisam resistir e sim NÓS. Nós votamos, nós lutamos, nós mudamos as coisas. Enquanto não envolvermos a NOSSA pessoa na história, vamos seguir fazendo bobagem nas urnas e depois nos colocando na platéia do show de horrores que nós validamos de 2 em 2 anos.

Assim, RESISTAMOS, na 1ª pessoa do plural do imperativo afirmativo.

(Foto tirada quando participei do Estação Cultura, falando sobre o livro Somos todas. Somos uma: formas de pensar a mulher na sociedade brasileira.)